Hackintosh e Pirataria – Uma experiência interessante

ATUALIZAÇÃO: Mesmo que não se enquadre numa “venda casada” propriamente dita (é necessário analisar várias leis para concluir), o assunto ainda assim é polêmico. Vou morrer com a opinião de que, se você comprou um DVD, um software, uma música (comprou a LICENÇA, recebendo uma mídia original) então você pode usar como quiser desde que não revenda ou redistribua. Sendo assim, pode usar o DVD do Mac para instalar no SEU computador pessoal, desde que você tenha pago pela mídia ou arquivo. O termo de uso do sistema não pode ser superior à legislação local.

por Marcos Elias

Nessa semana consegui rodar pela primeira vez o Hackintosh, o Mac OS X num PC comum. Nas outras vezes que havia tentado eu não tinha me dedicado tanto, acabei largando logo nos primeiros problemas. Cheguei a comprar o DVD do Mac OS X 10.6 todo empolgado na época, mas acabou não dando muito certo e ele ficou encostado. Há pouco peguei uma madrugada só para isso. Depois de várias instalações e erros fatais, finalmente consegui ter o sistema funcional – como faltam algumas teclas no teclado, me considero 98% satisfeito, não 100% ainda. Mas já penso em comprar um teclado da Apple usado pra poder aproveitar melhor o sistema :P

Depois que a Apple passou a usar processadores da Intel o Mac OS X virou um sistema operacional comum para PCs, podendo rodar tranquilo na arquitetura x86 de 32 e 64-bit. A única exceção fica pelo controle da Apple, que não quer ver seu sistema rodando em todo tipo de hardware, mas apenas nos que ela vende. Um mecanismo de boot diferenciado e alguns códigos não permitem que o Mac seja instalado num PC comum. Removidos esses limitadores (com a troca ou simulação do sistema de boot) o Mac pode funcionar perfeitamente num PC comum, incluindo processadores da Intel e até mesmo da AMD. Quanto aos drivers é possível utilizar drivers não oficiais ou “enganar” os drivers que vêm com o Mac. Claro que a lista de compatibilidade não é tão grande, mas vem aumentando aos poucos. Muita gente já roda por vários meses de forma estável o Mac OS X com todos os recursos em desktops, notebooks e até mesmo netbooks com o processador Intel Atom.

O processo de modificação não é tão fácil. Aliás pode-se dizer que só é “um pouco fácil” pois há muitos arquivos prontos na web, fornecidos por hackers que trabalharam duro para que isso fosse possível. Vai saber se eles não são ex-funcionários da Apple? :P

Há basicamente duas formas de instalar o Mac OS X num computador normal: baixando uma imagem de DVD pronta, com patches já aplicados para seu hardware; ou então se virar para aplicar os patches numa versão original do sistema. Essa última poderia ser a mais segura e legal, já que você pode fazer isso com um sistema que você tenha comprado (comento mais daqui a pouco sobre a questão da pirataria). Eu diria “segura” porque o Mac OS X original não correria o risco de estar infectado com vírus ou malwares, que podem ser comuns em sites de torrents (mas existem muitos torrents limpos e legítimos também). Vírus de Windows não rodam no Mac nativamente, mas existem vírus para Mac, porém em número bem menor. Ao baixar uma imagem de torrent pode ser preocupante ficar pensando se há um keylogger ou algo do tipo embutido de presente, né?

Diferente da Microsoft que cobra caro pelo Windows, o Mac OS X é barato – menos de R$ 100. Em compensação a Apple cobra caro pelo seus produtos, que são uma espécie de “hardware superfaturado”. Ela cobra pelo layout, pelo lucro, pelo “glamour” de ter um Mac. Enquanto há quem pague por isso a empresa está feliz, tendo de um lado inúmeros fans (inclusive fanboys) e também odiadores.

Tecnicamente um Mac vale bem menos do que custa (se duvidar, desmonte um e calcule o custo de produção das peças). Deixando “achismos” e fanatismo de lado, com o mesmo dinheiro que você pode montar um bom computador ou comprar um notebook top de linha (um Core i7 com 6 GB de RAM e placa gráfica dedicada com 1 GB, que tal?) ainda pode não ser possível comprar um Mac com configurações equivalentes. Isso é fato, é só ver os preços. A coisa fica mais feia ainda em países desenvolvidos, extremamente ricos e influentes no mundo, como o Brasil, que tem altas taxas de impostos – afinal temos serviços públicos invejáveis por qualquer país, o que justifica o preço alto dos impostos, que podem mais que dobrar os preços de alguns produtos apenas para sustentar aqueles que governam a nação e que elegemos com tanto carinho. [/ironic off]

A questão de melhor ou pior sistema é totalmente subjetiva, como comento mais no meu artigo sobre o LMDE (Linux Mint Debian Edition), portanto não cabe aqui dizer que um é melhor ou pior que o outro. Alguns fanboys irão dizer que os produtos dos quais gostam são superiores a todos os demais. Apenas ignore. É a mesma coisa dizer que sua mãe é a mais especial do mundo. É algo pessoal e intransferível, sobre o qual não se discute.

O Mac tem seus pontos fortes e fracos, assim como qualquer outro sistema. Computadores montados podem ser tão ou mais estáveis do que um Mac, dependendo dos componentes. A única diferença é que os montados por você ou outras empresas não têm o aval da Apple para rodar o Mac OS.

Aliás essa estratégia dela parece fazer um certo sentido. É simples: oficialmente o Mac OS só roda no hardware da Apple. Independente de estratégias comerciais, ela tem tempo suficiente para testar o sistema e trabalhar com os melhores componentes para ele. Sendo assim ele não vai apresentar problemas inesperados, vai agradar o usuário/cliente e funcionar maravilhosamente bem. Em vez de precisar fazer muitos testes (como a Microsoft faz, como a comunidade de software livre costuma fazer, etc) a Apple lida com um número bem menor de componentes concorrentes (placas de vídeo, rede, som, chipsets e barramentos, conexões, etc). É mais fácil para ela garantir que o sistema dela vai funcionar no computador que ela vende do que a Microsoft garantir que o Windows vai rodar sem travar no computador que seu primo montou com uma placa mãe cheia de capacitores estufados; ou ainda mais fácil do que a Canonical garantir que o Ubuntu rodará num notebook que tinha Windows de fábrica, no qual ela nunca havia tocado.

Todo mundo reclama dos bugs e incompatibilidades do Windows e do Linux. Placas que não funcionam, travamentos, placas que funcionam numa versão mas não funcionam em outra (quem é do tempo do Windows 98 e XP sabe beeem disso)… Boa parte dos travamentos ou incompatibilidades são causados por erro de hardware ou driver (software que faz o hardware funcionar). Comentei disso num post sobre a tela azul do Windows e suas reais causas. O Windows ou o Linux não são “ruins” nesse sentido; acontece que eles não podem operar de forma estável se o hardware não ajudar, não conversar bem com eles. E isso é uma coisa que depende de terceiros, dos fabricantes das peças, não só do fabricante do sistema operacional.

É claro que os sistemas operacionais também podem apresentar erros e falhas de software, seja em softwares nativos ou de terceiros; porém os maiores problemas que trazem a fama de um sistema ser bom ou ruim normalmente estão relacionados à sua compatibilidade com o hardware (e claro, depois vem a questão da quantidade de programas, usos, etc).

Fazer um sistema operacional nem é tão difícil (existem vários projetos de sistemas open source que qualquer um pode pegar, modificar e tentar rodar). O complicado é suportar toda a sorte de hardware existente, ainda mais quando os fabricantes não fornecem as especificações ou não desenvolvem drivers para sistemas pouco utilizados globalmente (o pessoal que roda Linux em desktops sofre com isso, especialmente há alguns anos atrás, onde a lista de incompatibilidade com softmodems, placas diversas e dispositivos USB era imensa).

Dito isto, entenda que o fato de o Mac ser tão estável é basicamente por isso. A Apple faz o sistema, ela monta o hardware e garante que aquilo funciona. Se não dá problema, é claro que as pessoas que usaram vão falar bem. Mas a Apple não pode garantir que funcione em outros computadores. Juntando isso aos interesses comerciais tem-se os bloqueios do Mac OS X para PCs comuns.

Em suma, o Mac pode ser usado num PC comum, só que não há garantia de que funcione nem dá para contar com o suporte técnico da fabricante do sistema. Se rodar, beleza; se não rodar, chore, pesquise, troque de hardware ou compre um Mac; é o mínimo que você pode fazer – o máximo seria hackeá-lo e fazê-lo funcionar no seu hardware atual, mas isso é para bem poucos hahaha.

Particularmente até vejo os Hackintoshes como algo positivo para a Apple: tem-se uma baita propaganda gratuita do sistema, a base de usuários aumenta, o que é bom para os criadores de softwares para Mac (com a Mac App Store que abrirá em 2011 a Apple poderá embolsar 30% do valor de aplicações pagas, e provavelmente algumas delas estarão rodando em Hackintoshes)… É claro que ela ataca quem tenta prejudicar seus serviços, caso da Psystar, mas não pode fazer muita coisa para as pessoas comuns. Ah, sem falar que existem muitas pessoas que começaram a usar Mac com um hackintosh, depois passaram a comprar produtos da Apple por gostarem tanto.

É crime rodar o Mac num PC?

Legalidade. Um ponto crítico ao considerar os pontos legais. Até que ponto é pirataria rodar o Mac num computador comum? Por um instante esqueça tudo o que as pessoas ou as leis dizem, pense como PESSOA independente, pense no mal que isso causaria ao mundo, se isso é algo que merecia ser punido ou não.

Eu não sou advogado, mas considerando o Código de Defesa do Consumidor no Brasil, acredito que não tenha NADA contra isso. Se você comprar o DVD do Mac, poderá usá-lo onde quiser, como quiser – no entanto a garantia e suporte só serão válidos referentes às especificações do fabricante. Assim como se você comprar uma tampa de privada e querer colocar numa panela não vai funcionar, mas não é por isso que você poderá reclamar com o fabricante. De qualquer forma, a lei não te proíbe tentar colocar uma tampa de privada numa panela, uma porta de madeira comum no portão da sua casa, um portão de correr dentro do seu banheiro, nem mesmo pentear o cabelo olhando para o fundo do espelho, etc. São produtos ou usos para finalidades diferentes das que foram pensadas quando eles foram criados, mas são produtos pelos quais você pagou e pode usá-los como quiser. Porque seria diferente com um software? Essa seria a minha interpretação caso fosse algum juiz.

Piratear, fazer cópias e redistribui-las, é uma outra questão totalmente diferente, pois envolve falsificação, furto ou roubo de propriedade intelectual. Se você tem o DVD, você pode quebrá-lo, pode comê-lo, pode girá-lo nos dedos, pendurá-lo na roda da bike ou deixá-lo de enfeite no banheiro. É um produto SEU. O software que tem dentro dele é licenciado para você, a propriedade do conteúdo intelectual ali é da produtora do mesmo (comprar um DVD do Windows não quer dizer que você seja dono do Windows), mas imagino que nunca na história do mundo surgirá alguém capaz de impedir que você faça o uso que quiser dos produtos que comprar, sejam reais (a mídia de DVD) ou virtuais (a sequencia dos bits representados na mídia). Por mais que no contrato de uso do Mac OS X possa ter alguma coisa falando que é para uso com hardware da Apple, é difícil imaginar uma proibição efetiva. Se a Apple quisesse controle, ela poderia exigir a apresentação de provas de que você tem um Mac antes de lhe vender o DVD. Não seria mais justo?

Sendo assim, pelo menos na minha visão, não é pirataria nenhuma usar o Mac num PC. Pirataria é redistribui-lo para outras pessoas, seja de graça ou pior, cobrando – isso é punido no mundo atual.

Mac + Mac OS = VENDA CASADA

Numa outra visão, o lance de a Apple vender o SO integrado ao seu hardware poderia ser visto como uma venda casada perante algumas sociedades; nessa visão a “lei” estaria até mesmo do nosso lado, permitindo que se comprasse (e utilizasse) o software independente do hardware.

Cada vez mais aparecem casos de notícias de pessoas que compraram um PC com Windows e entraram na justiça para conseguir a devolução do valor da licença, pois queriam só o PC para rodar outra coisa (normalmente Linux). Eu até poderia achar que, em parte, essas pessoas quiseram aparecer ou fazer barulho, pois é possível comprar ou montar um computador sem Windows – então pra que comprar um computador “problemático” pra depois querer tirar o sistema e receber o $ de volta?

Por um instante dá para pensar nisso como “o jeitinho brasileiro” pra recuperar o preço da licença do Windows. Mas e a liberdade de poder comprar só aquilo que efetivamente queremos usar? Está provado que o sistema operacional é independente do hardware, uma vez que o hardware pode ser funcional com algum outro sistema. Então vender hardware + software é uma VENDA CASADA sim. Podemos considerar, nessa linha de raciocínio, que é o caso do Mac.

Aquelas pessoas que pediram reembolso (e conseguiram!) sabiam que tinha Windows, então porque compraram? Bom, na justiça ganharam, o que poderia abrir precedentes para alguém comprar um Mac e entrar na justiça para que a Apple devolva o valor do Mac OS X, pois a pessoa queria só o hardware. Nunca pesquisei sobre isso, se já foi explorado ou não para Macs, mas acho que não seria impossível. Assim como algumas pessoas compraram um PC ou note com Windows e pediram reembolso, você poderia tentar comprar um Mac ou Macbook e pedir reembolso também, mostrando pra Apple que ela até pode vender o hardware + software juntos, mas não OBRIGAR essa condição.

Pensando dessa forma, se o hardware pode ser vendido independente do software então o software também pode ser vendido – e usado – de forma independente. Vendido até é, já que a Apple vende DVDs do Mac OS X soltos, além de contar com várias lojas revendedoras! Ou seja, você pode comprar o Mac OS X legalmente e usá-lo como quiser; o EULA da Apple não pode ser superior à legislação local onde o produto está sendo vendido. A Apple não pode obrigar que você leve um Mac também quando você compra o Mac OS X.

Compartilhamento de conteúdo é algo natural (mas também é chamado de pirataria)

Eu ainda sou meio contra o uso do termo “pirataria” de conteúdo ou software quando é aplicado a pessoas comuns, que não estão revendendo nem se apoderando das marcas ou conteúdo de propriedade intelectual de terceiros, apenas estão ajudando outras pessoas numa atitude natural do ser humano.

Acredito que os seres humanos deveriam trabalhar numa solução melhor para isso sem envolver casos de ameaças ou polícia. É só ver a indústria de mídia, músicas, filmes: o reinado deles com mídias físicas praticamente acabou com a chegada da internet rápida. Eles precisam aceitar isso e mudar a forma de trabalho. Serviços via streaming ou assinaturas podem ser uma solução, quem sabe; mas nada impede que um amigo empreste um CD ou DVD para outro, ou mesmo compartilhe sua senha de algum serviço com pessoas de confiança (como o Steam. iTunes, ou Sonora do Terra, NetMovies, para citar alguns nacionais).

O compartilhamento é algo antigo e há uma tendência natural para isso. Uma vez que o compartilhamento é chamado de pirataria para muita gente, não seria absurdo dizer que parte da pirataria é natural do ser humano – não me refiro às vendas de produtos piratas ou falsos, sem notas, contrabandeados, nada disso, pois esses são bem mais prejudiciais para todos. É fácil entender o que quero dizer.

Antigamente os amigos pirateavam discos de vinil em fitas K7 (cassete). Só mudou a tecnologia, o compartilhamento de informação (incluindo áudio, vídeo e software) não tem como ser impedido de forma tão efetiva.

Pense bem, a “pirataria” entre amigos, como a conhecemos hoje. Pode-se dizer que tem uma tendência natural. Se você discordar, então pense nisso: você comprou um CD de música e está ouvindo ele todo contente. Seu pai pede para ouvir, mas ele está em outro cômodo da casa. Você empresa o CD. Tudo bem, o artista não saiu perdendo pois você só emprestou. Mas daí você quer ouvir, e seu pai continua ouvindo. O que você faz?

  • Dá uma cópia para seu pai e fica com uma para você (quem nunca fez isso com amigos, parentes, conhecidos?);
  • Manda seu pai comprar um na loja porque você não é criminoso, você pagou pelo CD e o folgado do seu pai tem que pagar também, afinal é necessário agir dentro “da lei”! Você não quer que seu pai cometa um crime, por isso jamais copiaria um CD para ele; e se ele pedisse para copiar, você denunciaria seu pai às autoridades pois ele é um criminoso; veja bem, ele queria copiar o seu CD para que ele ouvisse sem pagar por isso!!! Como pode??? Seu pai é um criminoso e você seria também se permitisse! Portanto seu pai mereceria ir para a cadeia, por ser criminoso, ele estaria prejudicando as gravadoras e os artistas pois não estaria comprando o CD deles se você copiasse o seu! SEU PAI É UM CRIMINOSO!

Por aí você vê como as leis são abusivas, defendendo um interesse que prejudica em muito os cidadãos de bem, colocando a maioria das pessoas na condição de CRIMINOSAS, que precisariam pagar com CADEIA, privação da liberdade, a mesma pena para crimes maiores, como roubos, danos físicos e morais, assassinatos (ou tentativas), etc.

Emprestar ou copiar um CD pro seu pai pode não ser crime na sua cabeça, mas emprestar um mp3 para um amigo da internet seria? Por que? Todas as pessoas não são iguais perante a lei (ao menos ao considerar a linda e ilusionista constituição federal do Brasil)? Seu pai tem os mesmos direitos que um desconhecido qualquer.

Com tudo isso para refletir, por mais que você não concorde, percebemos que a questão da pirataria é mais complicada do que parece. Não basta punir as pessoas que trocam músicas, seria preciso investir numa espécie de cultura, trabalhando CUIDADOSAMENTE na definição do que é crime e do que não é. Infelizmente não é isso que vemos em muitos países.

Mas claro que devemos andar dentro da lei, afinal se não andarmos na linha todo o mundo conspirará contra nós. Por essas e outras software livre, conteúdo livre, é algo maravilhoso. É mal visto por alguns, mas só de pensar na liberdade de poder ver, modificar, usar como quiser e redistribuir, isso não tem preço – LITERALMENTE.

Diferente dos produtos ou softwares protegidos por patentes, o software livre é HUMANO, pensa em ajudar o próximo sem se preocupar com glórias pessoais ou dinheiro, sem querer ver o outro no chão, sem querer dominar o mundo. Apenas te dá a liberdade de fazer o que quiser com o que você tem, sem ficar devendo satisfações a terceiros que nada têm a ver com sua vida.

Infelizmente precisamos conviver com coisas proprietárias ainda – músicas, filmes, sistemas operacionais em alguns locais, firmwares e tudo mais o que o dinheiro pode ser capaz de fazer. E sem dinheiro… É impossível viver no mundo atual, de forma que talvez tenhamos que conviver com ferramentas proprietárias para sempre – se não for o S.O. do seu PC poderá ser o controlador do seu micro-ondas ou o sistema de fechadura de uma porta, tipos de coisas que podem ser patenteadas – onde qualquer cópia não autorizada é considerada pirata e merece ser punida.

A que conclusão chegamos?

Bom, esse artigo serviu para esclarecer algumas coisas, levando em conta que é de opinião e que não pretende se dizer como sendo a mais absoluta verdade. As pessoas deveriam pregar o bem, viverem felizes umas com as outras, não tentar controlar a vida das outras; e é justamente o oposto do que os governos e líderes de grupos fazem. Algumas vezes eu fico decepcionado com o mundo. Algo que poderia ser tão lindo, as pessoas estragam… E pelo visto é algo que não tem volta. Só acabando MESMO. Dá nojo do ser humano. O homem cria problemas, o homem vai contra o próprio homem. Bem vindo à vida real. O inferno é aqui. Já nascemos nele. Quem não nasceu ainda é feliz e não sabe… :P

Como estamos aqui e não dá para mudar o mundo, o jeito é ir vivendo, aproveitando tudo o que pudermos pois um dia também iremos embora. Portanto, rodar o Hackintosh sem se preocupar com nada pode ser uma ótima experiência para quem gosta de testar sistemas alternativos ou diferentes. Se gostar mesmo, compre o Mac OS X para seu PC. Se a Apple te processar, arrume um advogado que entenda bem e use como argumentos a seu favor a venda casada e o fato de que você comprou o DVD legalmente, inclusive pagando impostos, portanto pode usá-lo onde quiser – o contrato de licença do software não poderia chegar ao ponto de ser abusivo, prejudicando outros direitos garantidos no seu país, como o caso da proibição da venda casada.

*** Este artigo é de opinião, não técnico. Agora que rodei meu Hackintosh, seja isso legal ou não, dane-se, nos próximos dias vou publicar algumas dicas práticas para quem está tentando rodar o Mac OS X num PC também. Se gostar do Mac OS X, compre um Mac. Ou fique com seu Hackintosh enquanto funcionar. O que importa é que você estará bem; o resto… é o resto. Desde já, saiba que pode não ser tão fácil, você precisará passar várias horas no Google – onde a maioria dos resultados estará em inglês, embora existam alguns tutoriais em português também.

**** Quanto ao meu perfil de uso… Nunca estou satisfeito com um sistema só, sempre estou testando outras versões, distribuições de Linux e BSD, etc. Testar o Mac OS sem precisar pagar um extra pelo hardware dele é uma boa oportunidade de ver como é o sistema no dia-a-dia, se gosto ou não, etc. Não sei por quanto tempo vou rodar o Mac. Normalmente passo um mês em cada sistema sem que eu precise testar outros, sendo os recordistas o Windows 7 e o LMDE – antigamente teve o Kurumin, Mandriva, Conectiva… E claro, os clássicos Windows 98. 2000 e XP. Não gosto do Debian puro pela falta de algumas configurações “prontas”, embora reconheço o valor da liberdade que os desenvolvedores dele entregam com o sistema.

***** Eu vou adicionar alguns links relacionados aqui de outros artigos que estou lendo sobre o tema. Quando atualizar faço um post especial pra quem recebe por email ou RSS avisando.

Um dos primeiros que achei foi do Espaço Liberdade, que cita trechos da licença do Mac OS X e do Código de Defesa do Consumidor no Brasil. Por mais que isso gere muitas interpretações, vale a pena ler:
Por que o Mac OS X é ilegal

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Comentários arquivados

  1. Camila escreveu

    Haha… Concordo! É venda casada sim. E a Apple deve gostar pela publicidade gratuita que recebe. Se ela não quiser MESMO ela poderia criar um controle maior, checando as IDS dos processadores e dispositivos, sem ficar se baseando numa romzinha fajuta… Ou fazer uma espécie de dongle embutido com uma ID única associada ao usuário registrado.

  2. Marcelo escreveu

    Excelente visao.. Vc falou bem sobre a pirataria, ela eh tratada como CRIME, sendo que eh algo cultural e complicado de lidar… De um lado NAO EH JUSTO piratear, do outro eh… (afinal quem nao quer ajudar seus familiares e amigos?). Embassado tudo isso… Precisam de leis mais abertas e eh verdade, as gravadoras tem que mudar o rumo de trabalho delas!!!

    Perdoe-me a falta de acentos.

  3. escreveu

    Muito boa suas opiniões.

    Uma dúvida, me disseram que se eu fizesse isso no meu pc o processador “torraria”, pois ele “emularia” muitas coisas e de tanto “tentar” funcionar ele acabaria zoando o resto… isso procede? rs

  4. escreveu

    Tiago, acho que não tem essa de “torrar”… Pode acontecer dele ficar de fato mais quente, mas normalmente não chega a queimar porque os processadores atuais se desligam quando chegam a uma certa temperatura. Você poderia experimentar um reinício ou travamento devido a falta de controle de energia ou falta do controle da rotação das ventoinhas (que podem ficar rodando no máximo, ventilando até mais mas fazendo mais barulho), mas queimar mesmo o processador acho bem difícil. Existem muitos hardwares onde o Mac trabalha bem com o gerenciamento de energia, evitando que isso ocorra.

    E na verdade ele não “emula” tantas coisas assim, os Macs de hoje são basicamente um PC comum com um chip ou firmware a mais que libera o uso do Mac OS. Como os PCs comuns não têm esse código, o DVD do Mac OS não “boota” neles, mas passando essa limitação o sistema roda praticamente normal, acessando o processador, memória e tudo mais da mesma forma como faria num Mac.

  5. escreveu

    Legal Alex Novelli :) Esse Insanely Mac me ajudou bastante quando tentei rodar o 10.5, onde tive que correr atrás dos kexts. O 10.6 foi mais fácil pra rodar.

    Ah, e apenas uma adição, pra quem acha que criar drivers ou kexts pro Mac é “pirataria”, considere o fato de que parte do Mac é open source, ou seja, partes dos códigos podem ser baixadas e alguns kexts modificados:

    http://www.apple.com/opensource/

    http://www.opensource.apple.com/

    A Apple usa uma série de componentes abertos, como consequencia libera o código fonte deles, o que facilita MUITO a criação de kernels modificados e “drivers” ou “módulos”. Mais um ponto a favor dos Hackintoshes, partido pela própria Apple :P

  6. escreveu

    Quanta à questão do licenciamento do MacOS, a Apple vende mídias físicas com a cópia do seu sistema, é isso que ela está vendendo pelo preço absurdo de R$150,00,um DVD que vale no máximo R$5,com o software dela dentro. Procede o código do consumidor se o DVD não funcionar, vier com arranhão, etc. Acaba por aí a história de venda casada. A licença do software, jamais foi vendida, você comprou um DVD com software dentro e não a licença para ele (lembre que nem mesmo serial o MacOS pede pra ser instalado, ele só existe na versão server, mas é usado para controlar a licença por usuário simultâneo). A licença é aceita no momento da instalação, se não quer aceitar a licença, basta devolver a mídia (ou nem mesmo comprar) e usar outra coisa. É claro que a Apple não vai sair caçando cada usuário que montar o seu hackintosh, mas é sensato pensar nesses aspectos na hora de usar ele para fins profissionais. Já vi no Mercado Livre gente vendendo Hackintosh como ilha de edição, o que é um absurdo, tanto legal quanto na questão técnica. Já ouvi também de clientes a proposta de migrar o parque para Mac, sem comprar Mac algum, algo que eu não faço, nem faria. Dor de cabeça na certa. Mas para aprender a fuçar no sistema (um UNIX “puro sangue”. algo que o Linux não é, e nem quer ser, o objetivo é outro) o hackintosh é mais do que válido.

  7. escreveu

    Com certeza, usar em atividades profissionais é loucura, afinal qualquer atualização pode quebrar o sistema (o que não quer dizer que todas quebrem), não se tem suporte nem garantia, etc.

  8. escreveu

    Primeiro de tudo, parabéns pela matéria e pela clareza que expõe seu ponto de vista. Gostei muito! :-)

    No caso do argumento de “venda casada” juridicamente falando sinto desapontá-lo: não configura. Como um técnico você pode até ser um super gênio e querer todos os hardwares sem software algum e programar na unha inclusive os códigos de baixo nível, assemblys, etc, etc de todo e qualquer componente eletrônico. Entretanto a venda conjunta de hardware-com-software não configura venda casada. Senão a NVidia não conseguiria vender uma única placa de vídeo sem software pois isso seria “venda casada”. A placa física e o software que faça aquele componente entrar em funcionamento não é venda casada. Vamos optar por outros exemplos similares:

    Quando você vai ao mercado e tem um iogurte que na tampa vem uma porção de “cereal de chocolate” ou quando você compra um celular que vem com um fone de ouvido, um CD player automotivo que vem com um controle remoto. Isso tudo é considerado “um produto”, por essas partes serem integrantes do todo e terem seu uso complementar. Você não pode “destacar” um potinho de iogurte de uma bandeija de seis potes. “Mas eu só quero tomar um pote, não 6”. Pois é. Mas o produto é “bandeija de 6 iogurtes”. No caso da Apple, o computador completo é um “conjunto de peças físicas e software que, unidas e trabalhando em conjunto” são chamadas de computador.

    E o que seria, então, venda casada? É o que o Cinemark faz, por exemplo. Vende pra você o ingresso para a sala de projeção, mas proíbe que você compre refrigerante no Bob’s ou qualquer outro lugar. Eles condicionam a sua entrada à sala de projeção que você compre refrigerante apenas do Cinemark. No caso do MacDonald’s: o brinquedo “casado” ao lanche. O Mac saiu do imbróglio alegando que o brinquedo é apenas um “brinde” que acompanha o lanche. E que o preço cobrado refere-se apenas ao lanche. Só funcionou porque vc não pode comprar o brinquedo separado do lanche, já que “brinquedo” e “lanche” não se relacionam intimamente em seu USO de forma alguma. Se o Mac vendesse os brinquedos do MacLanche Feliz à parte do lanche, estaria configurada a venda casada no Mac Lanche Feliz.

    Isso tudo falando em termos legais, ok? Não quero defender a Apple nem o MacDonalds nem o Cinemark. Danem-se todas essas empresas.

    Abraços.

  9. escreveu

    Pedro Paulo, entendo perfeitamente o que você quis dizer, mas então como se explicaria a decisão da justiça nos casos de reembolso do valor da licença do Windows? O SO veio junto com o hardware e a justiça obrigou o fabricante a devolver o valor do Windows (tem vários casos, é fácil achá-los na web). E aí, como ficaria se isso fosse aplicado aos Macs? Partindo desse princípio seria possível comprar um Mac sem o sistema, pois em suma ele é um computador que pode rodar outros sistemas. O hardware da Apple é fechado mas tecnicamente pode rodar Windows ou Linux, e tecnicamente o Mac OS X pode rodar em PCs não-Apple. A partir desse ponto perde-se a exigência prática de unir os dois, pois um funciona sem o outro, então qualquer um que adquirir a licença ou comprar um ou o outro (soft/hard) poderia usar o produto da forma que lhe convir (embora continue no EULA a proibição). Ou seja, você compra o DVD do Mac e usa o software dele para uso pessoal/intransferível, como quiser – a Apple não pode ter nada com isso, ela nem exige que você tenha um Mac no ato da compra.

    Acontece que o DVD é vendido *separado do computador, mesmo para quem não tem o computador*, diferentemente da Nvidia com os drivers (comentando seu exemplo), então porque não poder usar o Mac em outro hardware desde que ele funcione? A Nvidia não é obrigada a te vender só os drivers, mas você pode usar outros drivers com produtos dela, caso de drivers open source ou VESA incluso em várias distros antigas.

    Acho abusiva a licença da Apple proibir tal instalação em outros PCs. Ela pode não dar suporte, nem ajuda ou garantia, mas não proibir, uma vez que fornece o software para venda sem nem comprovar se o comprador tem um Mac.

    Por tudo o que pesquisei, incluindo legislação sobre software, há várias brechas que podem ser exploradas dos dois lados, tanto de quem quer rodar o Mac em PCs legalmente como da Apple, que tenta proibir isso. Talvez cada caso precisasse ser julgado até que novas leis mais claras fossem definidas.

    Pode não ser venda casada nessa visão, tudo bem, mas também não deveria poder haver impedimento da execução do software fora dos PCs da Apple, considerando que funcionam fora dele, né?

  10. Lucas Lima escreveu

    Pois é Marcos. Como eu disse mais acima, a Apple não vende licença do MacOS, mas sim um DVD com ele dentro. É a mesma coisa que comprar um DVD de uma distribuição Linux, só se compra a mídia com o software, porque quem vende não é dono dele. A única diferença é que a Apple vende DVDs com um software que é dela. Você não compra uma licença do MacOS como compraria uma de Windows, é bem diferente.

  11. Marcos escreveu

    quando brasil for um pais desenvolvido me fala que eu volto a morar la